Neste dia das mulheres (8 de março) as brasileiras tem muito a refletir sobre a sua condição na sociedade. Ao mesmo tempo que aumenta a participação feminina na força de trabalho e nas universidades vivemos um momento de ataque a direitos que afetarão com maior intensidade as mulheres trabalhadoras. As “reformas” propostas pelo governo Temer, na previdência e nas leis trabalhistas, são o maior ataque aos trabalhadores nas últimas décadas. E serão as mulheres que arcarão com o peso maior e sofrerão mais impacto em suas vidas.
Aposentadoria aos 65 anos – O governo propõe igualar a idade de aposentadoria para homens e mulheres em 65 anos (idade mínima). A diferença existente atualmente é justificada pela realidade física da mulher e também pela condição social: são as mulheres que arcam com mais intensidade a criação dos filhos, assistência à família e trabalhos domésticos (a “segunda jornada de trabalho”). Para a mulher que trabalha e estuda essa jornada diária é mais cansativa ainda. Pesquisas mostram que as mulheres dedicam em média 26,6 horas semanais ao lar, enquanto os homens apenas, 10,5 horas. Na ânsia de atender os interesses patronais, o governo Temer desconsidera isso tudo. Na prática, se passa essa monstruosidade contra os trabalhadores chamada de “reforma”, homens e mulheres terão menos tempo de vida para usufruir da aposentadoria (para a qual contribuiu). O governo quer, literalmente, que os trabalhadores trabalhem até morrer... Assim deixam de ser um “custo” para a Previdência...
Além da dupla (ou tripla) jornada, as mulheres recebem em média um salário menor que os homens. Enfrentam também discriminação no mercado de trabalho “porquê engravidam”, como se ter filhos fosse um crime ou algo errado. Ser mãe, para a mentalidade capitalista, é um “problema”. O sagrado dom da vida é visto apenas pelo ângulo estreito do lucro imediato.
Outro fato, demonstrado por números do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é o de ser mais difícil para as mulheres atingir o tempo de contribuição exigido, mesmo com os cinco anos a menos de exigência para elas em relação aos homens, ainda em vigor. A cada 100 aposentadorias por tempo de contribuição concedidas, apenas 33 são para as mulheres.
Estudo do Fórum Econômico Mundial, publicado em 2015, concluiu que o mundo só alcançará a igualdade de gênero no mercado de trabalho em 2095. O Brasil está na posição 124, entre 142 países, no ranking de igualdade de salários por gênero — em nada parecido com o grupo de países ricos que o governo toma como referência, ao sugerir a equiparação e propor as reformas da previdência social e das leis trabalhistas. Ou seja, o governo quer que vivamos uma realidade de terceiro mundo (para os trabalhadores) com legislação de primeiro (para os patrões)...
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