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30 de Julho de 2008 às 15:52

A rotina de trabalho pesado do ecetista


As condições de trabalho do ecetista são um dos principais problemas da categoria. Além da rotina diária do trabalho em ambientes fechados, o trabalhador da ECT enfrenta as mais variadas adversidades na execução das tarefas diárias. O carteiro é o elo final de uma cadeia de ações que resultam na entrega das cartas e encomendas no seu destino final. Ele, o Operador de Triagem e Transbordo (OTT), o atendente comercial e o motorista são os principais agentes do trabalho operacional da ECT. Essa cadeia se inicia com a chegada das encomendas em conteiners, que são descarregados manualmente na unidade central e colocados em estrados de madeira onde são encaixados os sistemas hidráulicos de levantamento da carga - que é então levada para a triagem pelos OTTs.

Esses operadores estão distribuídos em três postos de trabalho: a indução, a digitação e o desabastecimento. O processo realizado nesses três postos, operados tanto por homens quanto por mulheres, consiste na triagem das cartas e encomendas para o seu destino. Depois de realizados esses três processos, as cargas e cartas são novamente colocadas em caminhões e kombis, e levada ao seu destino final.

Jornada diária de oito horas - Os OTTs fazem rodízio entre os postos de indução e digitação - os operadores das rampas de desabastecimento permanecem nesses postos por uma jornada diária de oito horas. As atividades do setor de indução são consideradas as de maior carga física - ali é necessário retirar as cargas e colocá-las em uma esteira na qual seguirão até o posto em que são feitas a leitura ótica e digitação dos dados referentes ao destino final.

Em seguida, a carga é direcionada para uma das rampas de desabastecimento, onde cai em uma plataforma e é recebida por um operador que faz o seu transporte manual até um novo estrado - que será levado para novo embarque e destino final para os bairros da cidade e municípios do Estado. O processo de indução, digitação e desabastecimento são parcialmente mecanizados com o uso de esteiras rolantes que levam a carga de um posto a outro.

Trabalho em ambiente fechado - No entanto, a retirada e a colocação da carga nos estrados são feitas com considerável esforço manual - apesar de a recomendação das normas de segurança ser de não ultrapassar o limite de 15 kg, há cargas que chegam a ultrapassar os 18 kg. O processo de trabalho dos carteiros consiste na coleta, ordenação, conferência e triagem de cartas e encomendas recebidas do "Setor Operacional" - onde trabalham os OTTs - e também na sua entrega nos domicílios. Muitas vezes, o trabalhador suporta uma carga com peso superior ao estabelecido.

O trabalho é exercido em ambiente fechado pela manhã, quando é realizada a triagem do material no Centro de Distribuição Domiciliar (CDD). "O trabalho interno é feito em equipe, e o externo é individual - o carteiro percorre as ruas da cidade, onde ele está sujeito às alterações climáticas e aos riscos inerentes à função, como mordidas de cachorro, lesões de joelhos e tornozelos por caminhar em vários tipos de terreno, dores musculares, fadiga generalizada e riscos imprevisíveis relativos à segurança dos mais diferentes destinos de entrega", diz Anderson Lima, diretor de comunicações do sindicato da categoria nas regiões metropolitanas de São Paulo e Sorocaba.

Intercorrências do cotidiano - As queixas mais freqüentes se referem à fadiga muscular - pelo trajeto percorrido, que é em média de 15 a 20 km diários -, mordedura canina, variações climáticas e lesões nas articulações. Os carteiros que trabalham no Sedex - o serviço mais rápido da ECT - utilizam motocicletas para realizar entregas, expondo-se aos riscos de acidentes de trânsito. Segundo Anderson, os ecetistas trabalham em horários preestabelecidos e sob um controle rígido de tempos e prazos.

A rotina de trabalho obedece às exigências dos usuários ou intercorrências do cotidiano - como atrasos na chegada da carga, variações climáticas e outras causas. "No caso dos OTTs, a triagem e transbordo de cartas e encomendas necessitam ser feita até um determinado horário, independentemente da quantidade que chega a cada dia", afirma. Os atrasos na chegada das encomendas, devido a imprevistos principalmente no transporte são constantes - o que implica em aceleração do ritmo de trabalho.

Constante olhar das chefias - As exigências de horário e suas oscilações são repassadas aos carteiros. Em ambos os setores, os ecetistas trabalham sob uma supervisão constante feita pelo olhar das chefias imediatas. "A Norma Regulamentadora (NR) 17 deveria equacionar as necessidades e demandas geradas pelo processo de trabalho com relação às sobrecargas, mas nem sempre ela é observada", diz Zélia Almeida, dirigente do sindicato da categoria no Rio de Janeiro, dirigente da Fentect e membro da direção nacional da CTB.

Segundo Zélia, essa norma orienta para que as condições de trabalho sejam adequadas às condições psicofisiológicas dos operadores. "Do ponto de vista normativo, a NR 17 estabelece como condições de trabalho os aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, mobiliário e equipamentos, condições ambientais e organização do trabalho, e recomenda que o seu cumprimento esteja atrelado ao procedimento de análise ergonômica do trabalho", explica.


1ª parte - ECT: uma estatal militarizada - O que antes era apenas o Departamento de Correios e Telégrafos (DCT), vinculado ao Ministério da Viação e Obras Públicas, transformou-se, em 1969, em uma das mais importantes empresas estatais brasileiras. A ECT já nasceu militarizada e adotou uma rígida estrutura hierárquica. Leia o artigo completo aqui

2ª parte - Missões francesas e ACM "modernizam" a ECT - As missões francesas que trabalharam na ECT e a política de repressão aos ecetistas levaram a empresa à crise. Em 1985, eclodiu uma onda de greves - duramente reprimida pelo ministro das Comunicações à época, Antonio Carlos Magalhães (ACM). Leia o artigo completo aqui

3ª parte - Lula salva ECT da política entreguista de FHC - FHC pretendia promover a abertura do setor e transformar a ECT em sociedade anônima, regulada pela Agência Nacional de Serviços de Correios (ANSC). A empresa foi salva pela chegada de Lula à Presidência da República. Leia o artigo completo aqui

4ª parte - A rotina de trabalho pesado do ecetista - As condições de trabalho do ecetista são um dos principais problemas da categoria. Além da rotina diária do trabalho em ambientes fechados, o trabalhador da ECT enfrenta as mais variadas adversidades na execução das tarefas diárias. Leia o artigo completo aqui

5ª parte - Os dilemas da ECT e a luta dos ecetistas - As ameaças privatistas continuam rondando a ECT. Até mesmo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, tem feito declarações neste sentido. Mas os ecetistas não se intimidam e reforçam a sua organização. Leia o artigo completo aqui Por Osvaldo Bertolino, do Portal da CTB.


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